CLUBE DO CORCEL FORTALEZA

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

SETEMBRO MÊS DO LANÇAMENTO DO FORD CORCEL






Em 26 de setembro de 1968, estreava no Brasil um automóvel que também tinha linhas que formavam três volumes e cujo nome remetia aos cavalos. A novidade custava pouco e sua aceitação foi excelente. Era o Corcel, um dos veículos mais bem sucedidos já produzidos em solo nacional.


O Corcel tinha um econômico motor de quatro cilindros, com 1289 cm³ e 68 cavalos de potência bruta. Entretanto, as diferenças não desmereciam o modelo nacional, pois suas características atendiam melhor às possibilidades do consumidor brasileiro. Além do mais, o projeto era bastante avançado para a época: o radiador selado, que impedia que o líquido de arrefecimento evaporasse, era uma primazia no mercado, e a tração dianteira, que já equipava alguns outros veículos, ainda causava estranheza ao público mais conservador. O câmbio era de quatro marchas e a carroceria tinha quatro portas, com comprimento de 4,39 metros e peso de apenas 929 quilos.

É irônico, mas um dos automóveis de maior sucesso lançados pela Ford no Brasil tem origem Renault. O Corcel foi desenvolvido pela extinta Willys-Overland, em parceria com o fabricante francês. O projeto tinha o codinome “M” e na Europa deu origem ao Renault R12, que também foi muito bem aceito no mercado. A maior diferença entre os dois veículos era a carroceria. Na parte mecânica, ambos compartilhavam a maioria dos componentes. As duas marcas já haviam firmado outros acordos anteriormente, que permitiram a produção de modelos como o Dauphine, Gordini e Alpine (este último chamado aqui de Interlagos) no país. Em 1968, quando faltava pouco para o lançamento, a Ford comprou a Willys do Brasil e levou de brinde o Corcel. Os três parafusos para fixação em cara roda, enquanto outros veículos usam pelo menos quatro, são vestígios bem visíveis da concepção do carro.

DERIVADOS A Ford ampliava a linha Corcel já em 1969, com o lançamento da carroceria de duas portas, que deslanchou de vez as vendas do modelo. O vidro traseiro estava mais inclinado e transmitia certa jovialidade. Assim como no sedã, as janelas laterais posteriores podiam de abertas baixando-se os vidros. Aproveitando as linhas mais dinâmicas do cupê, a Ford introduziu a versão esportiva GT. Além do visual diferenciado, com faixas pretas no capô, nas laterais e na traseira e capota revestida em vinil, o GT tinha algumas modificações mecânicas. O motor manteve a cilindrada, mas teve a taxa de compressão ligeiramente aumentada, o que fez a potência bruta crescer para 80 cavalos. As modificações, no entanto não eram capazes de surtir grandes diferenças no desempenho do carro.

No ano de 1970, a família crescia novamente, com a apresentação da Belina, a perua Corcel. Assim como o cupê, o novo integrante da gama tinha apenas duas portas, pois os compradores da época preferiam essa configuração. O espaço para a bagagem era ótimo, e podia ser ampliado com o rebatimento dos bancos traseiros. A versão mais requintada, batizada de Luxo Especial, tinha as laterais revestidas com um material que imitava jacarandá, em uma nítida referência às Woodies, peruas norte-americanas que recebiam componentes da carroceria confeccionados em madeira. O desenho da carroceria era agradável, e a perua seguiu o caminho de sucesso percorrido pelos irmãos.


MATURIDADE A linha 1971 trazia novidades, com o aplique de leves retoques estilísticos. A grade foi redesenhada e ganhou um emblema no centro. Na traseira, havia duas lanternas quadradas de cada lado. Anteriormente, era uma peça retangular por extremidade. Na Belina, as lanternas passavam a ser divididas pela tampa do porta-malas, mas cada conjunto formava visualmente um único elemento. Em 1972, mais mudanças. O esportivo GT estava ligeiramente mais veloz, graças a um aumento na cilindrada. Agora, o motor tinha 1372 cm³ e desenvolvia 85 cavalos de potência bruta.

Modificações mais profundas seriam reservadas aos modelos de 1973. A grade dianteira era substituída por outra, fabricada em material plástico. O capô também foi redesenhado e ganhou ressaltos para abrigar os faróis. O sedã e o cupê tiveram as lanternas traseiras novamente agrupadas em uma única peça de formato retangular, porém com dimensões maiores. Toda a linha recebeu o propulsor de 1372 cm³, mas a potência bruta tinha 10 cavalos a menos que na versão esportiva, devido à taxa de compressão mais baixa. Para 1975, a grade seria alterada mais uma vez. O formato anterior foi mantido, mas a trama tinha filetes horizontais, enquanto a peça anterior era composta por elementos verticais. As lanternas traseiras receberam um friso e passaram por leves retoques.

Em 1977, cerca de 650 mil unidades do Corcel já tinham saído das linhas de montagem da Ford. No entanto, o primeiro capítulo da história do modelo chegava ao fim. Naquele ano, ele era substituído pelo Corcel II.

No final de 1977 chegava às ruas o novo modelo: o Corcel II. A carroceria era totalmente nova, com linhas mais retas, modernas e bonitas. Os faróis e as lanternas traseiras, seguindo uma tendência da época, eram retangulares e envolventes. A grade possuía desenho aerodinâmico das lâminas, em que a entrada de ar era mais intensa em baixas velocidades que em altas. O novo carro parecia maior, mas não era. A traseira tinha uma queda suave, lembrando um fastback. Um fato notável no Corcel II era a ventilação dinâmica, de grande vazão, dispensando a ventilação forçada. O Corcel II, quando chegou em 1978, veio com o mesmo motor do Corcel I 1.4, só que com a potência cortada, se o Corcel anterior com o mesmo motor de 1.4 litro rendia 85cv e deixava muitos carros da época para traz, o Corcel II veio com o 1.4 litro de 72cv (55cv líquidos), o Corcel II era muito pesado para usar o 1.4, em função disso tinha um desempenho muito modesto (0 a 100km/h em 20,9 segundos e 135km/h de maxima) em relação ao antigo Corcel , mas a segurança, estabilidade e nível de ruído, já eram melhores do que o modelo anterior.

Já em 1980 a Ford lançou como opcional para o Corcel II o motor de 1,6 litro com 1555cm³ com câmbio de 4 marchas, mas com relações mais longas e 90cv de potência bruta (66,7 cv líquidos). O Corcel II passou a andar um pouco mais rápido, fazia de 0 a 100km/h em medianos 17 segundos e a velocidade máxima passava a ser de 148km/h, o suficiente para andar junto do se u concorrente mais próximo, o Passat 1500, porém muito atrás da versão 1600 desse VW.

As versões oferecidas eram Corcel II básica; L e a luxuosa LDO, com interior totalmente acarpetado e painel com aplicações em imitação de madeira; e a GT, que se distinguia pelo volante esportivo de três raios, aro acolchoado em preto e pequeno conta-giros no painel -- nenhuma trazia, porém, o termômetro d'água. O motor do "esportivo" tinha 4 cv a mais, que não faziam muita diferença. Contava ainda com faróis auxiliares e pneus radiais. As rodas tinham fundo preto e sobre-aro cromado. Os concorrentes do Corcel II na época eram o Volkswagen Passat e o Dodge Polara, ambos veículos médios. Ofereciam desempenho semelhantes ao do Corcel, mas o carro da Ford era mais econômico, moderno e elegante, tinha interior mais confortável (particularmente os bancos), oferecia melhor acabamento e também mais robustez que o Polara. Em 1983, a Ford promoveu modificações no motor 1,6 o qual denominou de CHT (de "Compund High Turbulence"), cuja potência líquida na versão a álcool chegava a 73 cv, dando um fôlego extra ao Corcel, que chegava aos 150 km/h de velocidade máxima e atingia os 100 km/h em 16 segundos. Concomitantemente, a Ford lançou a versão de 1,3 litro do CHT para o Corcel, que, com a potência líquida de 62 cv, atingia modestos 143 km/h de velocidade máxima, e chegava aos 100 km/h em 20 segundos.

Em 21 de julho de 1986 o último Corcel deixava as linhas de produção
de São Bernardo do Campo, SP. Marcou pelo conforto, acabamento e
mecânica de qualidade confirmada. Foram 1,4 milhão de modelos produzidos um dos maiores sucessos da nossa indústria automobilística do país.




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